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fotografia digital (2005) sobre fotografia p/b (1999) sobre espelho
2005
helena almeida / série pintura habitadajá não sou eu, mas outro que mal acaba de começar
beckett
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douro/montemuro 2005
ele viu-as:os cravos a desabrochar das lapelas dos seus fatos de domingo
(eram três, em frente ao seu jornal, no café oásis)
um livro lido. joseph, a um deus desconhecido / zenão, obra ao negro. duas viagens, francisco villa lobos. prometeu agrilhoado, ésquilo. erva vermelha, boris vian o tempo aprazado, ingeborg bachmann memória das minhas putas tristes, gabriel garcia marquez. -----------. -------------.
helena almeida / corte secreto / 1981a vibração do ar na ferida
helena almeida / negro exterior / 1981ou subcutâneo
são os passados curvada sobre a terra com o ácer o jasmim os amores (im)perfeitos e as pequenas plantas anónimas que agora se enraízam no jardim
são quando abro brechas na terra como se mergulhasse na água
e é finalmente o encontro de duas paixõesé o confronto com a mulher que diz não se levar demasiado a sério e por isso não estar em inferioridade perante a vida (agustina)
há estórias e imagens que nunca se esgotam: mais que viscerais são ontogénicas depois delas nunca mais somos os mesmos nem olhamos o mundo da mesma forma há realizadores assim, que fazem filmes para habitar em nós
A cabeça em ambulânciaHá feridas cíclicas há violentos voosdentro de câmaras de ar curvasferidas que se pensam de noitee rebentam pela manhã ou que de noite se abreme pela amanhã são pensadascom todos os pensamentosque os órgãos são hábeisem inventar como pensos ligaduras capacetessacramentoscom que se prende a cabeçaquando ela se nos afasta quando ela nos pressenteem síncope ou desnudamentoou num erro mais espaçosoou numa letra mais mudaou na sala de torturana sala escura, de infância Luiza Neto Jorge
túlipa / 2005
se não fosse agnóstica esta seria provavelmente a minha imagem de deus: um mago que brinca com as suas serpentes.
robert frank / mabou / 1977
mihai mangiulea / neverplaces 2 Há um barco vazio que ao cair da noite vai descendo o canal negro.Na obscuridade do velho asilo há ruínas humanas em decadência.Os órfãos mortos jazem junto aos muros do jardim.De quartos cinzentos saem anjos com asas sujas de excrementos.Gotejam-lhes vermes das asas amareladas.A praça da igreja está sombria e mergulhada no silêncio, como nos dias da infância.Sobre solas de prata deslizam vidas passadasE as sombras dos condenados descem às águas soluçantes.No túmulo, o mago branco brinca com as suas serpentes.(george trakl / outono transfigurado / excerto do poema salmo)
alentejo / 2005carcomidos. em carne viva. eles têm o céu entre os limites das ruínas.
remedios varo / papilla estelar / 1958
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alentejo / 2005