quarta-feira, abril 06, 2005

lugares des.habitados


mihai mangiulea / neverplaces 2

Há um barco vazio que ao cair da noite vai descendo o canal negro.
Na obscuridade do velho asilo há ruínas humanas em decadência.
Os órfãos mortos jazem junto aos muros do jardim.
De quartos cinzentos saem anjos com asas sujas de excrementos.
Gotejam-lhes vermes das asas amareladas.
A praça da igreja está sombria e mergulhada no silêncio, como nos dias da infância.
Sobre solas de prata deslizam vidas passadas
E as sombras dos condenados descem às águas soluçantes.
No túmulo, o mago branco brinca com as suas serpentes.

(george trakl / outono transfigurado / excerto do poema salmo)

1 comentário:

Anónimo disse...

C'est intéressant. J'avais pensé à Trakl quand j'avais fait cette image.

Mihai Mangiulea
mmangiulea@yahoo.fr